quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Reforma Psiquiátrica: Os dois lados da moeda

Ricardo Ortiz Pollis e Schaiane Ribeiro

Graduandos em Psicologia - IMED

Tesoureiro e vive-presidente do DASCOMPLICA gestão 2009/10

(Este foi o texto de divulgação nos jornais da cidade de Passo Fundo do Evento organizado pelo DASCOMPLICA, realizado no dia 18 de maio de 2009.)

O que é saúde mental? Este pode ser considerado um conceito demasiadamente difícil de ser compreendido em sua gênese, especialmente quando há a dificuldade em se definir saúde.
Conforme a Organização Mundial da Saúde, saúde de fato, pode ser caracterizada por uma situação ou por um estado de bem-estar nos âmbitos físico, clínico, mental e social. Entretanto, se a definição de saúde traz o bem-estar mental como uma de suas premissas, há que se discutir sobre o que é o bem-estar mental, uma vez que cada indivíduo possui sua subjetividade e a formação desta se dá, entre outros aspectos, pelo resultado das relações interpessoais vivenciadas pelo indivíduo.
Pensando o homem como um ser biopsicossocial, têm-se a idéia de que este nada mais é do que o resultado da fusão entre suas características físicas, biológicas, psicológicas e experiências adquiridas em seu contexto histórico cultural.
Partindo desta perspectiva, como se pode definir uma mente saudável? Qual é o limite entre uma mente saudável e uma mente doente? E, o que é uma mente doente? Se ser saudável, é sentir “bem-estar”, por que se julga alguém como “doente” se o mal-estar talvez não está no outro, mas sim nos olhos de quem o vê?
Talvez tenha sido este “mal-estar” o ponto de partida para a criação dos manicômios e hospitais psiquiátricos no mundo, afinal, o mal-estar estava e está nos olhos daqueles que vêem hábitos que consideram como não saudáveis mentalmente.
Há de se admitir que com os avanços da ciência, é possível se fazer uma análise sobre o estado mental de um indivíduo, suas conecções sinápticas e suas condições neurológicas, que quando comprometidas podem levar também a um comprometimento psicológico severo, que por sua vez acarretará também em um comprometimento cognitivo deste indivíduo, que levará a dificuldade nos âmbitos social, ocupacional e acadêmico da vida do mesmo.
Atualmente a questão da saúde mental vem ganhando destaque significativo nos meios de comunicação, entretanto, é preciso pensar no que é de fato saúde mental e como é o funcionamento de hospitais psiquiátricos bem como outras instituições como residenciais terapêuticos e centros de atenção psicossocial que se dedicam ao trabalho com e para pessoas que possuem algum sofrimento mental.
Esta questão leva também a reflexão sobre o Dia da Luta Antimanicomial, que acontece no dia 18 de maio. A referida data se dá devido ser este o dia da fundação de um dos primeiros e maiores hospitais psiquiátricos do país, o Juquery de Franco da Rocha, em SP, símbolo maior do processo de isolamento social do ser humano com tratamento degradante, segregando o paciente do seu meio social.
Diante disso, o dia 18 de maio, a data Nacional da Luta contra os manicômios, deve ser comemorada lembrando que as subjetividades individuais contribuem na construção do todo social e que a aceitação das diferenças, fazem parte do ideal de democracia e da esperança de um mundo mais humano possível.
Entretanto, se faz necessário salientar que a discussão sobre a Reforma Psiquiátrica deve contemplar os dois lados da moeda, ou seja, é preciso analisar os prós e os contras desta reforma. Será que a sociedade tem compreensão do que é a Reforma Psiquiátrica? O que esta trará de positivo? O que trará de negativo? Qual a influência e as mudanças que a Reforma ou a manutenção do modelo atual trarão a sociedade?
Pensando nestas questões, o Diretório Acadêmico da Escola de Psicologia da IMED, juntamente com o Ciclo de Palestras da Psicologia, promoverá no próximo dia 18 de maio de 2009, segunda-feira, às 19h30min no Auditório Central da instituição uma mesa redonda com o título Psic/ óticos: um novo olhar aos pacientes com transtornos mentais.
A reforma psiquiátrica é algo extremamente novo para nossa sociedade. O movimento já "desospitalizou" internos e reduziu o número de leitos em hospitais psiquiátricos, mas apesar disso, muitas pessoas ainda continuam internadas nestes. E é preciso que a comunidade tenha a nova visão do que o tema da Reforma Psiquiátrica traz consigo. Sempre lembrando que é necessário analisar a questão com “olhos puros”, uma vez que o objetivo do evento, não é defender ou não a Reforma Psiquiátrica, mas sim proporcionar um espaço de debate a cerca do tema.
É preciso que a comunidade compreenda o que a nova visão do tema traz consigo bem como a visão da permanência do modelo vigente, tendo então, em vista que o objetivo do evento é proporcionar espaço para a reflexão, debate e informação a cerca da temática.
O valor para a participação no evento é um quilo de alimento não perecível, desde já desejamos um bom evento a todos.

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