segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E aí, estamos preparados para o ato médico?

Schaiane Ribeiro
Graduanda em Psicologia IMED
Vice-presidente do DASCOMPLICA gestão 2009/10

Há algum tempo venho sendo informada sobre um tema que acredito ser de importância para todos nós, mas que infelizmente, algumas pessoas ainda desconhecem ou já ouviram falar mas por algum motivo não foram bem esclarecidas, então, procuro chamar a atenção para o tema Ato Médico, pois acredito que isto atinja toda a sociedade, principalmente a área da saúde, da qual todos nós cidadãos desfrutamos.
Conforme pesquisei, o ato médico vem sendo definido como todo procedimento da competência e responsabilidade exclusivas do médico no exercício de sua profissão, em benefício do ser humano individualmente ou da sociedade como um todo, visando à preservação da saúde, a prevenção das doenças, o tratamento e a reabilitação do enfermo, entretanto em muitas ocasiões, o paciente poderá necessitar de um especialista, e a decisão de procurar um especialista específico é um direito do paciente.
Com a aprovação do ato médico, antes do paciente procurar um especialista, como por exemplo, Psicólogo ou dentista, ele deverá passar pela consulta com o médico, que lhe fará o encaminhamento se julgar necessário. E, todos nós sabemos, e creio eu que concordamos, que o homem é o ser mais complexo de ser entendido, ter a compreensão total do ser humano em todos os aspectos é até uma tarefa impossível, e embora este desejo de compreensão do ser humano também me fascine, acredito que alguém achar que possui esta capacidade é pretensão demais, uma vez que, para alcançar esta capacidade de visão global do ser humano é necessário no mínimo aquisição de conhecimentos fundamentais sobre a psique humana, as funções cognitivas, a anatomia normal e patológica entre outros. Por isto, o desenvolvimento da medicina levou à sua fragmentação em diferentes especialidades. Esta é uma contingência histórica com a qual se têm de conviver e saber tirar proveito em favor dos pacientes, logo, sendo as demais profissões da área da saúde, autônomas de nível superior, devem ser consideradas no mesmo nível da profissão médica e não subordinadas a esta, uma vez que todas as profissões que atuam, nesta área são dignas, úteis e necessárias e não surgiram por acaso, são fruto do atual estágio da civilização e muito podem contribuir para o bem-estar da população, tanto na preservação da saúde, como no tratamento e recuperação dos enfermos.
Procuro aqui me posicionar, pois muito me preocupa saber que no futuro serei uma das tantas profissionais da área da saúde, que poderá sofrer com os abusos que eventualmente poderão ocorrer devido ao ato médico, e mais ainda me preocupa o fato de como cidadã ter os meus direitos de escolha violados, simplesmente, por motivo de um “desejo de poder”, pois me parece que se isto ocorrer estaremos entrando em uma fase de retrocesso social. Me questiono também, sobre como ficará a questão da qualidade do serviço prestado à saúde humana, em especial à saúde mental, que é minha área de estudo, pois, apesar de ter lido as justificativas para a aprovação do ato médico, não consigo absorver a idéia de que uma pessoa que estuda o ser humano de um aspecto global em sua totalidade, possa ter mais experiência do que uma pessoa que estuda especificamente a saúde mental. Reflito ainda, sobre a saúde pública, ora, se todas as pessoas que necessitarem de um acompanhamento psicológico, por exemplo, precisarem passar por uma avaliação médica quanto tempo levarão para chegar ao psicólogo? Será que a saúde pública está preparada para o ato médico? E, será que nós estamos preparados para tal?
Para responder a esta pergunta convido todos à refletirem sobre o tema. Gostaria ainda de esclarecer que acho o exercício da medicina de fundamental importância para todos nós, acredito ser esta uma profissão belíssima e exatamente por isto não deve ser hierárquica. Não quero que estas palavras sejam entendidas como críticas somente ou como tentativa de persuasão da opinião dos colegas e leitores, mas é impossível para mim como acadêmica do curso de Psicologia não me posicionar. Acredito ainda que mais importante do que ter um posicionamento contra ou a favor, é ter um posicionamento, portanto para mim o ato médico é hoje um exemplo da crise de paradigma pela qual a sociedade passa, por isto,convido todos os colegas acadêmicos, especialmente os do curso de Psicologia, bem como os professores para abrirmos um debate amplo e esclarecedor sobre o Ato Médico.
obs: este texto já foi publicado no jornal O Rodinho e está diponível na íntegra no blog Psicologia e Arte: http://schaianeedias.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário